Aos poucos Wuhan volta à normalidade. Naquele que até há poucas
semanas foi o epicentro da covid-19, cerca de 11 milhões de pessoas
regressam à vida de todos os dias.
Depois de restrições sem
precedentes, a cidade chinesa começa a respirar de alívio. Os
comerciantes voltaram aos mercados locais e as lojas reabrem ao público,
na esperança de recuperar o tempo perdido.
Cai Jiangshun
reside em Wuhan. Aos 58 anos, nunca tinha vivido nada semelhante, mas
acredita ter sido por uma boa causa. “Fechámos a cidade. Fechámos os
bairros residenciais. Tínhamos cinco medidas deste tipo. Por causa
dessas medidas, conseguimos conter a epidemia rapidamente. Os hospitais
provisórios foram encerrados. Existem poucos casos novos”.
Para
outros, a suspensão do bloqueio significa sair de Wuhan. As restrições
de viagens domésticas foram reduzidas há duas semanas, mas milhares de
pessoas na cidade permaneceram impedidas de circular, até as autoridades
permitirem o retorno ao tráfego normal.
No entanto, para
impedir uma segunda onda de coronavírus, o foco passou para a
identificação de portadores assintomáticos. Os leves ou inexistentes
sintomas de doença levaram a que fossem considerados indivíduos de baixo
risco, mas recentes casos de infeção, detetados por dispositivos de
rastreamento, obrigaram a novas observações médicas.
As
medidas foram bem recebidas pelos especialistas, mas a comunidade
científica garante que o problema só vai poder ser resolvido no âmbito
de uma estratégia adequada e global.
De acordo com o
virologista e professor na Universidade de Cambridge, Chris Smith,
“cerca de cinco milhões de pessoas provavelmente tiveram ou têm esta
infeção, no Reino Unido. Isso significa que ainda há um grande número de
pessoas, cerca de 60 milhões ou mais, que não têm e não estão imunes.
São suscetíveis. Se abandonarmos estas medidas de uma só vez, os casos
que ainda continuam a circular vão fazer reaparecer esta pandemia em
todos os cantos do mundo. E mesmo que não propaguemos a pandemia no
nosso próprio país, há muitos outros países com a doença ativa que o
farão. Portanto, este é um problema global, que precisa de uma solução
global”.
Esta terça-feira, a China registou zero mortes
associadas à covid-19. Como parte do plano de prevenção contínua, novas
medidas de rastreamento podem em breve vir a ser impostas no país.
EuroNews/LD